Reforma sindical é desafio da Câmara em 2006

A discussão sobre mudanças no modelo sindical brasileiro promete mobilizar os deputados em 2006. A regulamentação do artigo 8º da Constituição, que trata da organização sindical, é uma das prioridades da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, responsável pela análise de 14 projetos de lei sobre o tema (PL 1528/89 e mais 13 apensados).
Paralelamente, a Câmara analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 369/05, do Executivo, que modifica esse artigo, abrindo caminho para uma ampla reforma. Uma das alterações propostas é o fim da unicidade sindical (sindicato único por categoria na mesma base territorial).

Anteprojeto

A PEC do Executivo, enviada ao Congresso em março de 2005, aguarda parecer da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), onde tem como relator o deputado Maurício Rands (PT-PE). O governo já divulgou o anteprojeto de lei que será enviado ao Congresso caso a PEC seja aprovada como está. Esse anteprojeto teve como base compromissos firmados pelo Fórum Nacional do Trabalho, coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, com a participação de representantes dos trabalhadores, dos empregadores e do governo.
A apresentação da proposta do governo motivou a Comissão de Trabalho a realizar uma série de audiências públicas para debater o assunto. Como a CCJ não deu início à discussão da PEC, no segundo semestre de 2005 os deputados da Comissão de Trabalho decidiram colocar o PL 1528/89 em pauta. No entanto, divergências em torno do substitutivo apresentado pelo deputado Tarcísio Zimmermann (PT-RS) em novembro adiaram a votação do projeto para este ano.

Aspectos polêmicos

O desafio em 2006 será chegar a um consenso para aprovação da matéria. As diferentes propostas causam polêmica entre representantes dos trabalhadores e dos empregadores. É o caso, por exemplo, da substituição do imposto sindical por uma contribuição baseada na participação em negociação coletiva, com valor fixado em assembléia, prevista na PEC do Executivo e no substitutivo de Zimmermann, que também incorporou sugestões do Fórum Nacional do Trabalho.
No caso da proposta do Executivo, o fim da unicidade sindical, mas com possibilidade de exclusividade de representação em determinados casos; a ampliação do poder das centrais; e a necessidade de o Estado reconhecer a representatividade das entidades para lhes atribuir personalidade sindical – vista como uma restrição à liberdade – são alguns dos pontos mais polêmicos. Também o substitutivo de Zimmermann foi acusado de interferir na autonomia e na liberdade das entidades, com medidas como a fixação de um prazo-limite para o mandato dos dirigentes sindicais.

Normas mínimas

"Meu substitutivo não tinha nada de intervencionismo. Tinha, sim, uma previsão mínima para a organização sindical", defende Zimmermann. Entre outras críticas feitas ao texto, está, por exemplo, a falta de critérios claros para a criação de centrais sindicais.
Na visão do deputado, é preciso estabelecer normas democráticas mínimas e deixar o restante livre, já que a Constituição prevê a liberdade sindical. "A central é a representação política das entidades a ela filiadas. Na minha proposta, ela não tem o poder de substituir o sindicato", lembra.
Mesmo alguns dos pontos que pareciam ser consensuais entre trabalhadores ou empregadores têm sido questionados. A criação da representação sindical no local de trabalho, prevista nas duas propostas, é um deles. Considerada uma unanimidade em meio aos trabalhadores, a idéia passou a receber críticas até entre eles. Há quem acredite que, da forma proposta, os representantes dos trabalhadores dentro da empresa vão ficar vulneráveis ao poder dos patrões.

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Projeto prevê inventário e partilha por escritura pública

A Câmara analisa o PROJETO DE LEI 6416/05, do Senado, que admite a realização de inventário e partilha extrajudiciais. De acordo com o texto, será possível fazer a partilha amigável de herança por escritura pública, dispensada a homologação judicial, quando existir um único bem a partilhar.

A proposta veda a realização dessa forma de inventário e partilha quando houver credor do espólio. Segundo o projeto, a escritura pública de partilha só será lavrada pelo cartório competente quando for provada a quitação de tributos.

Também deverá ser apresentada declaração assinada por todos os herdeiros e pelo cônjuge ou companheiro, se houver, com atribuição de valor ao bem e plano de partilha. A proposta não elimina a possibilidade de a partilha amigável de herança ser feita pelos meios judiciais já previstos em lei.

Tramitação

O projeto tramita em caráter conclusivo na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, onde tem como relator o deputado Maurício Rands (PT-PE).

Proposta resguarda interesse de atleta menor de idade

O Projeto de Lei 6430/05, do deputado Celso Russomanno (PP-SP), torna obrigatório o registro em cartório dos contratos firmados entre empresários e atletas profissionais ou amadores. No caso de atleta menor de 18 anos, ainda que assistido pelos pais ou tutores, esse contratos deverão obrigatoriamente ser remetidos ao Ministério Público e à entidade nacional de administração da respectiva modalidade desportiva.

Segundo o projeto, esses contratos deverão obedecer às regras sobre prestação de serviços dispostas na Lei 8078/90, inclusive quanto às penalidades previstas. O registro deverá ser feito em cartório localizado na cidade onde vive o atleta ou em municípios próximos.

No caso do menor de idade, o empresário deverá enviar cópia autenticada do contrato à entidade desportiva, que por sua vez deverá remetê-la ao Ministério Público, no prazo de 15 dias contados do recebimento, para a adoção das medidas necessárias ao resguardo dos interesses do atleta.

Prescrição

O projeto estabelece ainda que o direito de cobrança dos serviços prestados aos atletas profissionais ou amadores prescreverá em seis meses contados da data da rescisão do contrato.

Russomano argumenta que sua proposta respeita todas as partes envolvidas e esclarece direitos e deveres "para que não surjam problemas decorrentes de eventual má-fé na relação contratual, ou mesmo da ignorância sobre o modo como deve ser conduzido e levado a termo o contrato".

Empresa pode ter acesso à assistência judiciária gratuita

A Câmara analisa o Projeto de Lei 6371/05, do deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), que estende a pessoas jurídicas a gratuidade da assistência judiciária prevista na Lei 1060/50. A assistência judiciária gratuita pode ser exercida por advogado indicado pelo juiz ou pela Defensoria Pública.
Segundo a lei, a parte gozará dos benefícios da assistência judiciária mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
O projeto inclui entre os beneficiários as pessoas jurídicas que não possam arcar com as mesmas despesas, sem prejuízo à sua atividade empresarial. A proposta restringe o benefício às empresas que estejam em situação regular.
Conforme a proposta, também terão direito à assistência judiciária sindicatos e organizações filantrópicas.
O deputado cita três casos em que o Superior Tribunal de Justiça autorizou pessoas jurídicas a se valerem da Defensoria Pública – um em 2004 e dois em 2005, por falta de condições financeiras.
Na opinião de Biscaia, a medida "é mais do que justa e respalda o anseio social por uma maior cobertura às empresas de cunho assistencial e de pequeno porte".

Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo nas Comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Novas proposições apresentadas no Senado Federal e na Câmara dos Deputados

SENADO FEDERAL

P.L.C. nº  121/06
Autoria:  Poder Executivo .      
Assunto: Institui o Registro Temporário Brasileiro para embarcações de pesca estrangeiras arrendadas ou afretadas

CÂMARA DOS DEPUTADOS

P.L. nº:   6.623/06  
Autoria:  Dep. Fernando de Fabinho       
Assunto: Documentos exigidos para transferência de imóvel rural

P.L. nº:   6.638/06  
Autoria:  Dep. Vadinho Baião        
Assunto: Informatização dos serviços notariais e de registro 

 

Terrenos desapropriados podem ser destinados a sem-teto

A Câmara analisa o Projeto de Lei 6316/05, que prioriza a destinação de terrenos desapropriados para construção de habitações de interesse social. De autoria da deputada Socorro Gomes (PCdoB-PA), a proposta altera a lei que estabelece diretrizes gerais da política urbana, conhecida como Estatuto da Cidade (Lei 10257/01).
O estatuto prevê a desapropriação, com pagamento em títulos da dívida pública, de imóveis em que o proprietário, após cinco anos de cobrança do Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), não tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização do terreno. Porém, não estabelece o atendimento da população de baixa renda a partir dessas desapropriações.
"Estamos valorizando o resgate da cidadania daqueles que não têm casa, que se vêem às voltas com a violência policial, o relento, a chuva e o sol fortes, o frio e o calor intensos, o risco de atropelamento de suas crianças, o desconforto, enfim, com a agressão que é morar na rua", diz a deputada.

Tramitação
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Desenvolvimento Urbano; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Ato público pede crédito consignado para locação de imóvel

O presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano, deputado Julio Lopes (PP-RJ), e representantes do setor imobiliário realizam hoje, em Brasília, ato político pela utilização de empréstimo com desconto em folha (crédito consignado) para locação de imóvel residencial urbano.

Segundo ele, a manifestação, que será realizada no auditório da Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF), pretende chamar a atenção para a necessidade de acelerar o mercado imobiliário por meio de convênios com bancos.

Inadimplência

Segundo os organizadores do ato, um dos maiores problemas do setor imobiliário brasileiro é a inadimplência nos encargos de locação, como as contas de condomínios, água e luz. Como as ações no Brasil são demoradas, o proprietário corre o risco de levar um "calote" ao alugar sua casa, argumentam. Uma solução viável, ainda segundo os organizadores da manifestação, seria a criação de linhas acessíveis de crédito consignado.

Caberia ao locatário se candidatar ao crédito. De acordo com a proposta, a ficha do locatário não poderá ter pendências de ordem financeira e a renda exigida deverá ser três vezes o valor do aluguel.

Os bancos já fornecem operações imobiliárias relativas a construção, venda e aquisição de habitação.

O deputado Julio Lopes afirma que as linhas de crédito estão em consonância com a Lei 11196/05, referente ao Fundo de Investimento para Garantia Imobiliária.

A Fecomércio fica no Setor Comercial Sul, Quadra 6, Ed. Federação do Comércio, 5° andar, em Brasília. O ato está programado para ter início às 19 horas.